AUTOR COMEÇOU A ESCREVER CONTOS PARA REVISTAS DIVERSAS NA DÉCADA DE 1950
Kurt Vonnegut (1922-2007) assinou peças, ensaios e romances, como “Matadouro 5” e “Cama de gato”, que o colocaram entre os grandes escritores americanos do século 20. Vonnegut também escreveu contos, centenas deles.
No ano passado, saiu nos Estados Unidos uma coletânea que se propôs a juntar todos. Tem 911 páginas, divididas em seções temáticas como “guerra”, “mulheres”, “ciência” e “romance”, entre outras.
Veterano da Segunda Guerra Mundial, Vonnegut começou a sustentar sua família na década de 50 escrevendo esse tipo de material para revistas como The Atlantic, Cosmopolitan e Collier’s.
A coletânea “Bagombo Snuff Box”, lançada em 1999 nos EUA, reuniu 23 dessas histórias. No texto de introdução à coleção, Vonnegut relembra momentos de sua biografia e oferece uma interessante lista de dicas para aspirantes a escritores de contos.
Chamada pelo escritor de “Creative writing 101” (algo como “Beabá da escrita criativa”), ela enumera oito recomendações:
- Use o tempo de um total estranho de tal maneira que ele ou ela não sinta que seu tempo foi desperdiçado.
- Dê ao leitor pelo menos um personagem para o qual ele ou ela possa torcer.
- Todo personagem deveria querer alguma coisa, mesmo que seja apenas um copo d’água.
- Toda frase deveria fazer uma de duas coisas — revelar características pessoais ou fazer a ação progredir.
- Comece o mais perto do fim o possível.
- Seja um sádico. Não importa o quão doces ou inocentes sejam seus personagens principais, faça com que coisas horríveis aconteçam com eles — para que o leitor possa ver do que eles são feitos.
- Escreva para agradar uma pessoa apenas. Se você abre sua janela e faz amor com o mundo, por assim dizer, sua história vai pegar pneumonia.
- Dê a seus leitores o máximo de informação possível, o mais cedo que possível. Dane-se o suspense. Leitores deveriam ter tal entendimento completo do que está acontecendo, onde e por quê, que poderiam terminar a história eles mesmos, caso baratas comam as últimas páginas.
Ao final da relação, entretanto, Vonnegut observar que “a maior escritora de contos da minha geração foi Flannery O'Connor (1925-1964). Ela quebrou quase todas as regras da minha lista, exceto a primeira. Grandes escritores costumam fazer isso”.
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