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...caminhando e ilustrando...

Muitos me perguntam como se faz para iniciar uma carreira no ramo da ilustração. Perguntam também se há condições de viver deste trabalho e quais os primeiros passos para isso.

Esta dúvida está na cabeça de quase todos os ilustradores iniciantes, amadores e até profissionais, assim, tentarei dizer a minha opinião sobre o assunto, pois também vejo muitos usuários do Portal do Ilustrador com esta pergunta em mente. Além disso, meu maior fluxo de trabalho é a ilustração e onde eu me insiro profissionalmente de corpo e alma.

Primeiramente temos que amar esta profissão. Digo isso, pois tem muito trabalho pela frente, dedicação, empenho, força de vontade e todos os sinônimos disso. Temos sempre que aprender, nunca se está completo e nunca se sabe demais. Busque sempre informações sobre a história da ilustração, biografia de ilustradores que se deram bem na vida e dos que não conseguiram. Vejam onde eles acertaram e onde eles erraram para que você se previna. Estude técnicas, isso é importantíssimo.

Semana passada, um ilustrador de quadrinhos e professor me disse “para desconstruir, você tem que aprender a construir”. Para mim, não basta ser autodidata, isso ajuda? Sim, e muito. Porém, precisamos saber onde ficará cada elemento para construir uma ideia, e assim, moldá-la para o que você precisa. O mercado de ilustração é grande. Há muito brasileiros que se dão bem aqui e fora do país. Peguem grandes super herois de grandes editoras e produtoras e verão que se não é um brasileiro o responsável ele está no meio da equipe com certeza. Isso é um elemento para a nossa motivação. Há muitos profissionais nesta área, mas a área é tão grande que há espaço para todos.

   
Matéria deste fim de semana no jornal O TEMPO 

Leia sempre sobre tudo. Literatura, gibis, quadrinhos, história, filosofia entre outros temas. Veja muita referência, elas te ajudarão em algum momento. Veja como está o mercado, procure ver o que mais está chamando atenção e o mais importante... DESENHE TODO DIA.

No Brasil cada dia é dia de alguma coisa. Peguem estes dias e ilustre cada um deles. É um exercício e tanto. Busquem as DATAS COMEMORATIVAS do Brasil. A dedicação é o que melhor nos faz ser um profissional bem aplicado. Treine muito, treine o que você acha muito difícil, pois, certamente o que aparecerá são os defeitos por isso treine. Depois de pegar a habilidade com as ferramentas de sua mão de obra, busque uma linha própria, um estilo diferente, uma marca que só você tem.

Difícil? Sim, muito difícil e a grande maioria não consegue se destacar por isso, mas lembre-se, isto não é impossível. Conheça seu traço, veja os materiais que mais te atrai, e, que facilite seu trabalho. Procure materiais que combine com o que você quer expor em seu traço. Com isso, você terá destaque entre muitos que estão lutando para viver do que gosta.

Quando você vive do que gosta você está realizado e o trabalho fica muito mais fácil. Uma coisa boa é conversar com profissionais da área. Vá a encontros, feiras, palestras, workshops e tudo que puder. Dia 15 de abril é o Dia Mundial do Desenhista e haverá encontros por todo o Brasil. Procure um grupo de sua cidade, vá e converse, leve seu portfólio e peça opiniões, conselhos dicas e tudo mais.

   

É importante não se confortar e saber estabelecer regras, valores e seriedade em sua carreira, mas isso da margem para outro texto... Um grande abraço e boa ilustração para vocês...

Ilustrar é sonhar com as mãos


"Texto de  BEGÊ"


"Rapunzel" de Maria Eduarda Grossi Salum (minha sobrinha de 4 anos)

Depois de passar anos assistindo desenhos animados, lendo histórias em quadrinhos e brincando de super herói durante a infância, existem pessoas que crescem e esquecem desse mundo, porém tem pessoas que acabam voltando no tempo, recordando o passado e dando vida ao universo infantil. Somos nós, os ilustradores. Muito trabalho, muito estudo, muita disciplina, mas também muita diversão!
Quando criança, todos nós gostávamos de desenhar, colorir, rabiscar paredes e pessoas. Hoje, não é diferente, continuamos assim. Rabiscando tudo o que vemos pela frente, a única diferença é que fazemos disso uma profissão. Muito nos agrada em transformar o que era brincadeira em um estilo de vida, e tornar esta brincadeira algo muito sério.




O profissionalismo de um ilustrador é o principal ponto de partida para o reconhecimento e para o sucesso profissional. É difícil sim fazer de algo que você se diverte a sua profissão. Por isso, não podemos confundir as coisas. Existem regras e disciplinas para aproveitar este prazer da vida.
Quando pensamos em “MENINO MALUQUINHO” e “TURMA DA MÔNICA” lembramos logo da caricatura do Ziraldo e do Maurício de Sousa. Recordamos como era bom comprar as revistinhas nos fins de semana... Hoje, parece que ainda somos crianças ao ver de perto estes ilustradores que, na infância, eram mágicos. E isto acontece mesmo!


Maurício de Sousa, Begê Ilustrador e Diane Mazzoni

Como estamos imersos neste lúdico mundo, precisamos de referência. Assim, buscamos livros antigos e atuais, voltamos a ver desenhos animados, a comprar quadrinhos e acompanhar o atual mundo infantil. Hoje, quando saímos para cafés, livrarias e lojas e vemos algo voltado para as crianças nas vitrines, a gente não aguenta e... acaba comprando. Muitas vezes, livros ou até mesmo brinquedos. As atendentes nos perguntam: “é pra presente?”, ou você diz: “não, é pra mim mesmo” e sorri ou então você gagueja “é, é pra presente”. Uma sensação boa de voltar aos velhos tempos...




Caí neste mundo lúdico junto com minha esposa Diane Mazzoni, que por sinal ama esse lado infantil, e investimos tempo e dinheiro nessa área, sendo muito felizes e fazendo o que gostamos. Vamos ao cinema para ver filmes baseados em quadrinhos, o que agora está mais comum, devido a força que esta 9º arte adquiriu.

Hoje, um caderninho dentro da mochila é sagrado. Um estojo abarrotado de lápis e canetas. Onde estivermos, sempre pode surgir uma vontade de desenhar. É assim, pergunte a qualquer ilustrador, e veja o mundo em que vivemos. Não só a ilustração faz com que o adulto retorne à infância. Atualmente, artes visuais e músicas voltadas para as crianças também são comuns na mídia e no circuito cultural. Temos como exemplo Adriana Partimpim, Palavra Cantada e Pequeno Cidadão (banda formada por Arnaldo Antunes e Edgar Escandurra).




Bom, ao longo dos dias vou detalhando mais coisas sobre este lindo mundo mágico da infância e o que nos torna muito felizes, a ilustração. Se você acha que não existem ilustradores profissionais, está completamente enganado. Isso eu garanto. Mas não precisa saber, apenas sinta algo bom ao ler um livro infantil.
Grande abraço e até a próxima.

Manifesto à Lei de Direitos Autorais

Excelentíssimas Presidenta e Ministra,

Venho através deste documento representar mais de mil profissionais da área de ilustração, que desenvolvem trabalhos de criação artística e intelectual e investem tempo e dinheiro se especializando para criarem imagens que compõem livros didáticos e literários, cartilhas, e as mais diversas peças gráficas. A ilustração vem se tornando cada vez mais o ofício de muitos. Uma profissão que existe há séculos e até hoje não recebe o devido reconhecimento. Para preservar os poucos direitos já adquiridos os profissionais desta área vêem se unindo e lutando por melhorias na profissão.

Nosso maior direito até então conquistado é o “Direito de Uso de Imagem” que se enquadra como “Direitos Autorais”. Um direito que garante que nós, ilustradores, obtenhamos uma parcela ainda que mínima nas edições e reedições de projetos em que estivemos envolvidos e em que empenhamos todo o nosso poder de criação, desenvolvendo um trabalho artístico, intelectual e único. Direito esse que complementa nossa renda e assegura que recebamos por nosso trabalho enquanto este estiver sendo veiculado e gerando lucro para empresas, sejam elas editoras, revistas, jornais e etc.

A ilustração é uma linguagem que possui o poder de se comunicar com todos, despertando inúmeras interpretações e sentidos e estimulando a imaginação e a criatividade. Forma opinião e estimula o leitor, complementando e agregando valor aos textos. Por isso, os profissionais da área de ilustração precisam ser mais bem reconhecidos. A regulamentação da profissão é ainda o nosso principal objetivo e a nossa maior luta. E a manutenção do direito autoral é uma forma de fortalecer a nossa profissão, é conservando os direitos já adquiridos que alcançaremos e conquistaremos nossos maiores objetivos. Simplesmente retirar de nossas mãos esse direito é “pisar” em quem fomenta o mundo cultural e artístico do país, é não se importar com milhões de trabalhadores que dependem dessa profissão para sobreviver.

Lutar pelos nossos direitos autorais é uma maneira de defendermos o que é nosso e de nossos herdeiros, uma forma de garantir que o que foi criado através da nossa capacidade artística e intelectual seja valorizado enquanto estiver sendo usado. É nosso dever lutar para que não seja “jogado fora” tudo que foi produzido durante anos. Se vocês desejam acabar com este direito para unificar e democratizar toda a criação, o que será dos pensadores e criadores uma vez que essa é a sua profissão e precisam receber para isso? Se toda a criação for reutilizada de maneira arbitrária a qualidade despencará e os profissionais sumirão, tornando o Brasil um país pobre de sabedoria e intelectualidade. Precisamos conservar as criações e pensadores de todas as artes.

Neste caso defendo a área da ilustração e os profissionais ilustradores. Veja os livros que vocês compram para si mesmos, para seus filhos, sobrinhos, netos... Pense que em cada traço que ali está, há uma alma criativa por trás, que possibilita que vocês, leitores, entrem no mundo da imaginação e da fantasia. Quantas crianças e analfabetos podem “ler” os livros através apenas de suas imagens. Com certeza esse profissional precisa ser bem recompensado e motivado para continuar realizando seu trabalho com todo empenho possível e, para isso, seus direitos têm que ser “preservados” e não destruídos e descartados.

Atenciosamente,

Bruno Grossi (Begê Ilustrador) & Diane Mazzoni
Editores do Portal do Ilustrador

A diferença entre Ilustração e Desenho


"Texto de BEGÊ" 

Muitas vezes as pessoas perguntam qual é a diferença entre “ilustração” e “desenho”. Até profissionais na área se enrolam ao levantarem esta questão. Tento aqui, desvendar algumas curiosidades e segredos destas duas características que nos confundem bastante.
A ilustração geralmente é uma imagem figurativa podendo ser abstrata ou não, porém ela acompanha um caráter explicativo, com o objetivo de acrescentar informações, sintetizar, decorar ou representar visualmente um texto.

Em livros infantis, na maioria das vezes, a ilustração assume o papel mais importante, fazendo com que em uma só imagem o texto seja entendido, esse caso, em cada página. Claro que não diminuo nem excluo a grande importância do texto e do roteiro passado para o ilustrador, mas isto já é outro assunto.

A ilustração funciona como um material ligado a um objeto, no caso o texto. A ilustração é em sua maioria uma atividade profissional, pode ser encomendada por um cliente, seja ele quem for, gerando recursos financeiros ou não. Este é um trabalho conceitual que visa ilustrar qualquer assunto em qualquer método ou técnica.


O desenho é uma ilustração descompromissada, é um suporte artístico para qualquer assunto ou ideia. O trabalho feito da mesma forma que a ilustração, porém, sem nenhum objetivo ou texto é apenas um desenho, sendo bonito ou feio, com detalhes ou sem, com acabamento ou não. As formas que surgem do ponto linha ou plano divagam no suporte escolhido para o trabalho.

O trabalho do desenhista, na maioria das vezes, é bidimensional e também uma imitação da realidade podendo ser modificado e transformado com suas próprias características e técnicas usadas. O desenho também pode ser um esboço para uma ilustração. Pode ser a marcação da ideia para um conceito, assim deixando de ser desenho e passando a ser ilustração depois de concluído.



O termo desenho pode ser confundido, pois há muitas modalidades como desenho gráfico, arquitetônico, mecânico, artístico, projetivo, geométrico, modelo vivo entre outros. Por isso é complexo definirmos qual é o modelo certo para a palavra.

Neste caso, diferenciando o desenho da ilustração, creio que podemos ter como explicação o conceito e seu objetivo. A ilustração é um desenho com o objetivo de “ilustrar” algo.

Qual a diferença entre cartum charge e caricatura


"Estes e mais textos no site do ilustrador BEGÊ" www.begeilustrador.blogspot.com
Fala galera, hoje falarei de um assunto que quase todos vêem em jornais, revistas entre outros periódicos, porém não percebem a diferença entre eles. Os três tópicos que abordo são o Cartum, Charge e Caricatura. Qual a diferença entre eles hein?
Em palestras, feiras e rodas de profissionais este tema é bastante discutido, pois ainda é uma dúvida entre iniciantes e até mesmo em profissionais. Não é fácil definir exatamente cada um por causa de suas características bem peculiares, e às vezes é embaraçoso responderem estas questões.
Tentarei explicar de uma forma mais simples embasado em termos teóricos e práticos no qual eu me envolvo em meus trabalhos.

A Charge é uma ilustração que tem como objetivo principal dar opinião e, na maioria das vezes, criticar certo assunto. A palavra CHARGE vem do francês e significa “atacar” ou “carregar”, digo isso no sentido figurado da palavra. A ilustração tem sentido em certa época com algum fato ocorrido em sua sociedade, é um trabalho temporal. Podemos ver muitos exemplos com temas de futebol e política, mas não excluem outros temas, simplesmente os dois são os mais inspiradores por suas polêmicas e acontecimentos. Esta é a maior característica da charge, contextualizar certa situação em seus desenhos, fora isso ela perde sua funcionalidade como termômetro crítico. Muitas charges duram décadas e são exemplos até hoje para profissionais, mantendo sua força de expressão e formação de opinião.
Abaixo coloco algumas charges como exemplo.



O Cartum , de certa forma, é um desenho descompromissado de humor ou carga política e social. A palavra vem do inglês “cartoon” que significa “cartão”, ele relata um assunto universal sem depender de contexto nenhum, apenas um tema a ser explorado, sendo assim, atemporal. O cartum tem temas que podem ser entendidos em qualquer parte do mundo, pois não é um assunto de uma certa região no qual precisa de uma certa bagagem de conhecimentos específicos para entender. É um desenho geralmente cômico e universal.
Abaixo coloco alguns cartuns como exemplo.


A Caricatura , por sua vez, tem um ar de exagero. No caso de caricatura pessoal, o desenhista escolhe as partes mais salientes do indivíduo para exagerá-las, podemos ver, em grande parte dos trabalhos, que eles preferem explorar o rosto do personagem. A palavra caricatura vem do italiano “caricare” que significa “carregar” ou “exagerar”, assim, os ilustradores adoram usar para satirizar personagens públicos. A caricatura, dependendo do contexto, pode até se transformar em uma charge (caso tenha um sentido de atacar ou criticar alguma situação) ou pode se transformar em cartum (se simplesmente for um desenho descompromissado). Não necessariamente as caricaturas têm que ser exageradas, podemos fazer caricaturas em formatos diferenciados, mas mantendo as características das pessoas para terem uma identificação mais facilitada. Então, uma caricatura é o retrato de alguém, exagerado ou não mantendo suas características físicas.