"Estes e mais textos no site do ilustrador Robert Rajabally - iDStudio de Arte (www.idstudio.art.br)
Todos conhecem o desenho e a pintura e até as artes plásticas, mas poucos talvez conheçam a ILUSTRAÇÃO por este nome ou tudo o que ela representa no mundo das artes e por isso é natural que as pessoas, não tendo informações sobre isso desde o tempo de escola, confundam áreas que aparentemente são parecidas e nem se dêem conta de que haja coisas distintas nas artes que vêem todos os dias. Vamos tentar mostrar aqui um pouco desta área que reúne o desenho e a pintura e os leva para bem mais longe, pois é uma área que é capaz de retratar todas as técnicas e todos os estilos do exato e técnico ao abstrato e conceitual, exigindo do estudante ou profissional uma gama muito grande de conhecimentos diversos e empenho para apurar seu traço, sua técnica e o seu compromisso com a profissão.
Comecemos com um desenho então. Enquanto ele estiver sozinho, quer esteja como um rabisco inicial, um estudo num bloco de esboços ou mesmo finalizado, será sempre isso, um desenho ou estudo isolado. No momento em que esse desenho for usado para acompanhar um texto, um conceito ou um produto por exemplo, ele estará ilustrando algo. Ele agora é uma ilustração. O mesmo acontece com uma pintura ou uma gravura isolada. Por essa definição, uma fotografia também é uma ilustração, no sentido literal, quando acompanhar um texto etc, pois também estará ilustrando algo.
Assim sendo, uma ilustração sempre estará acompanhando algo, servindo para transmitir visualmente o conceito do texto ou outra forma de comunicação a que estiver associada. Sozinho, ela poderá ser um desenho ou uma pintura, pois não estará ilustrando nada. Ilustrar é portanto: descrever com imagens um conceito, texto ou produto, especialmente ampliando sua visualização para além do que apenas palavras isoladas podem transmitir.
Uma ilustração não precisa ser sempre uma arte à cores detalhada. Um traço bem feito e expressivo, bem minimalista mesmo também será uma ilustração se estiver, como dito acima: ilustrando algo. As ilustrações podem ser à cores ou em preto e branco é claro, mas dentro disso há mais subdivisões: artes à traço (só nanquim preto sobre fundo branco) monocromáticas (em tons de uma mesma cor, também chamado de tom sobre tom) e em tons de cinza (do branco ao preto mas com todas as nuances de cinzas intermediários). Os próprios tons de cinza e as cores podem ser quentes ou frias, ou uma mistura das duas. Modernamente, ainda temos, em termos de recursos de gráfica, a aplicação de cores especiais, retículas, degradées e cores metálicas para colorir e acrescentar efeitos especiais à artes originalmente à traço, ou seja, uma arte impressa à cores não foi necessariamente colorida pelo artista, mas pode ter sido encomendada e supervisionada por ele ou ainda ser uma parceria entre o desenhista e o colorista para sua ilustração à traço, como no caso das revistas em quadrinhos.
A história da ilustração é enorme e a variedade de materiais e técnicas também é muito grande: do lápis ao computador, passando por todo tipo de técnicas tradicionais, mistas, modernas e experimentais. Tradicionalmente, as superfícies para se ilustrar são o papel e as telas, mas naturalmente, qualquer superfície pode ser usada, pois depende da visão que o artista deseja materializar. O importante aqui é dominar a técnica de sua preferência e se esmerar para que seja realmente bela e de bom gosto e não apenas um amontoado de garatujas toscas ou manchas sem nexo.
Muitos artistas confundem sua vontade de se expressar com arte. Ter vontade de se expressar é uma coisa, o que se produz com isso é outra. Embora o cenário atual seja de não discriminar o que é ou não arte, ainda temos o bom senso e este deve prevalecer para que saibamos separar o "joio do trigo". Naturalmente, quase todos gostam de poder ver de tudo, decidir por si mesmos e não serem "privados" de nenhuma forma de arte, assustados que ainda estão com a palavra "censura", como antítese da liberdade de expressão, etc. Mas já estava na hora de se perceber quanto tempo valioso é perdido em nossas curtas vidas por nossa falta de discernimento coletivo do que vale a pena ser criado e exibido. Afinal, de que vale a arte sem nosso discernimento do que nos convém absorver, usar, admirar e se deixar influenciar? Um discernimento é ainda mais valioso quando coletivo do que apenas individual, restrito à esfera dos gostos pessoais apenas. É quando uma civilização amadurece como um todo que se pode desfrutar do melhor das artes. Sem dúvida, esse é um processo lento que não pode ser imposto, mas será ainda mais lento e danoso se não exercitarmos o bom senso individual e apurarmos nossa visão desde já, tanto como meros apreciadores como criadores de artes visuais, textuais ou musicais, pois para tudo haverá responsabilidades, consequências e méritos, sejam imediatos ou a longo prazo. Arte não é criada somente por artistas experientes ou profissionais; um iniciante também pode criar artes fascinantes se tiver sensibilidade e talento, surpreendendo muitos veteranos pela qualidade. Um artista, portanto, nunca deve perder essa questão de vista se quiser realmente progredir na sua formação pessoal e contribuir para um mundo melhor, já que tem "a faca e o queijo na mão", bem mais do que os que não tem a oportunidade ou o dom de criar em qualquer uma das artes. Conquistar o sucesso no mundo, nem sempre é o mesmo que conquistar o sucesso pessoal, a satisfação de ter feito algo realmente bom para todos.
Materiais e Técnicas - Você já pensou quantos materiais e técnicas existem? Uma ilustração pode empregar qualquer técnica e qualquer material. Primeiro temos os lápis de grafite que vão da série H até B, conforme sua dureza, depois as barras de grafite sólido, os fabulosos lápis de cor aquareláveis e profissionais, ou mesmo os escolares, as barrinhas de pastel e giz de cera oleosos ou secos e os lápis-carvão. Depois temos as ótimas tintas permanentes à base de água, ou inks, como o nanquim preto ou em cores, aplicados com pincel, bicos de pena ou canetas técnicas para artes à traço. Em seguida temos as tintas transparentes e impermanentes como as aquarelas e ecolines, muito sensíveis à luz e também à base de água. Depois ainda, temos as tintas opacas como os gouaches, também chamados de poster colors. Todos estes são para serem usados sobre papel. Mais além temos os acrilicos para papel ou tela, também opacos e à base de água mas que podem ser também transparentes. Os acrílicos, diferentemente do gouache, por exemplo, se tornam mais permanentes depois de secos pois não reagem mais à agua e a luz, formando uma película plástica impermeabilizante parecida com o de uma cola branca comum. Entre os materiais há também uma quantidade de réguas de formas fixas (gabaritos) ou flexíveis para curvas perfeitas, muitos materiais porém perderam seu uso hoje com a chegada do computador que pode realizar quase tudo que um artista precisa de forma muito mais rápida e precisa com os estupendos recursos dos vetores digitais. Tudo isso ainda será usado sobre uma mesa de desenho e aí temos as mesas de luz para transferência de desenhos de um papel para outro, projetores profissionais de ampliação e na informática, os scanners para digitalizar seu desenho para levá-lo para dentro do computador. No que diz respeito às tintas, deve-se esquecer as tintas escolares de papelarias comuns pois elas tem pouco uso na ilustração profissional pela sua baixa qualidade, destinada mais a crianças e trabalhos escolares. As tintas precisam ser de alta qualidade e o Brazil não oferece muitas opções quanto a isso. As tintas profissionais são portanto quase todas importadas e caras, assim como os pincéis e papéis se o estudante quiser levar a coisa a sério. Da mesma forma, um computador para ilustração séria precisa de uma configuração superior às encontradas em lojas populares. Estudar e conhecer bem tudo isso é parte da formação de um Ilustrador como veremos adiante.
As cores das tintas acrílicas são também muito mais vibrantes, de alta qualidade e permanentes, portanto perfeitas para ilustrações sofisticadas, seja aplicada à mão com pincéis ou com o aerógrafo sobre papel ou telas. Para o ilustrador, assim como para o pintor, essas diferenças importam também porque dependendo da tinta usada, sua arte poderá ou não ser retocada ou continuada noutro dia. No caso das tintas que secam totalmente e são à prova d'água, somente pintando por cima numa nova camada, enquanto que uma tinta à óleo, por exemplo, permite intervenções por muito tempo, e as aquarelas e gouaches somente se seladas com um verniz para se pintar mais por cima ou se entrar com técnicas secas como um lápis de cor. Quando se fala em ilustração é também fundamental pensar nos papéis, pois são o principal suporte desse tipo de arte! Não podemos também nos esquecer dos ilustradores que esculpem em papel suas criações tridimensionais e os que usam técnicas de gravura antigas e colagens e recortes. Assim, excetuando-se a arte digital num computador, um ilustrador de mídia tradicional tem que conhecer os papéis muito bem pois eles naturalmente afetam completamente a tinta e a técnica usada. Dessa forma há papéis de todas as qualidades e gramaturas (que é o peso ou espessura do papel em gramas), podem ser importadas de grande qualidade e bem caras para nós aqui no Brasil ou as nacionais bem mais simples e baratas mas de uso muito limitado, podem ser super lisas, ou ásperas e texturadas com relevos, coloridas ou brancas, porosas ou super resistentes. Todas elas tem seu uso e servem com perfeição para uma técnica mas poderiam estragar todo o trabalho noutra se o artista não souber escolher e usar o papel certo. Muitas vezes, além da escolha do papel, o artista precisa conhecer técnicas de preparo de superfície! Sim porque conforme a técnica e a tinta, a superfície do papel pode precisar ser preparada antes de se passar a ilustrar nela como por exemplo, montar a folha sobre outro papel mais rígido como o papel madeira, triplex ou cartão com cola, para suportar tintas onde se usa mais água, como a aquarela, para que o papel não enrugue, estragando toda a ilustração sem volta! Ou ainda preparando a superfície com uma camada de gêsso para dar textura e "pegada" ao papel e assim por diante. Além desse conhecimento de papéis para desenhar e ilustrar, é depois preciso conhecer os papéis que existem para impressão, que é a finalidade última da ilustração e portanto muito importante para não dar tudo errado! Tudo isso diferencia o ilustrador profissional da pessoa que apenas desenha como hobby ou passatempo. Como viu, o jovem, recém saído da infância e da escola por exemplo precisaria mudar completamente sua noção do uso de papéis, deixando coisas como cartolinas e o papel cartão comuns de papelarias escolares para trás, pois não tem serventia no mundo profissional, somente para certas tarefas rotineiras de recortes, para máscaras e montagens simples.
Por fim, temos as tintas à óleo que são mais usadas sobre tela ou madeira. As tintas à óleo são as mais permanentes e podem levar muitos anos para secar completamente, por isso e pela alta qualidade dessas tintas, foram sempre as preferidas pelos grandes pintores do passado e por muitos ilustradores modernos. A tinta à óleo é muito mais pesada, digamos assim, e portanto o papéis normais de arte não servem de suporte mas pode-se sempre preparar superfícies especiais para o óleo mesmo sobre papel. Em todas as tintas, o que confere sua qualidade superior sobre as marcas mais populares é o tipo de pigmento usado. Ilustrações em preto e branco são um mundo a parte, diferente das artes em cores totais, assim como ambas são diferentes das puramente à lápis, e todas ainda são muito diferentes das geradas em computador que podem ser bitmapeadas, vetorizadas ou tridimensionais! Saber apreciar cada tipo em si já é um dos grandes prazeres de se curtir uma ilustração.
Depois dos tipos de tinta e dos lápis temos os meios de como aplicá-los: à mão, com pincéis, espátulas, bicos de pena e canetas, esponjas e rolos ou aerógrafos, sem contar o computador que tem tudo isso de forma digital e muito mais, permitindo controle total sobre o uso de letras (fontes), possibilitando pintura em mídias naturais e permitindo montagens complexas impossíveis de serem realizadas à mão com a mesma velocidade, qualidade e flexibilidade. Num computador, seu "papel" estará sempre limpo e pronto de forma infinita e você sempre pode desfazer qualquer parte de um trabalho ou repintar partes de forma impecável, agora experimente fazer isso numa prancheta convencional! Hoje em dia, o artista precisa cada vez mais trabalhar com o computador pela pressão dos prazos e pelos tipos de trabalhos que só podem ser feitos nele, como os que mencionei acima. Assim, a máquina já é parte de todo estúdio para finalizar as artes criadas à mão, criar artes nela, combinar mil coisas para um resultado final impecável e ainda para trabalhar com letras e textos inteiros para dar saída ao produto final completo, pronto para imprimir. A enorme variedade de software que existe, mais a alta qualidade do mundo digital de hoje, tornam seu estudo e uso algo realmente obrigatório para artistas de qualquer tipo. As incríveis técnicas que existem, mais as que cada artista acaba combinando ou criando do zero para seu estilo pessoal de trabalhar, tornam o mundo da ilustração 2D (plano) ou 3D (com profundidade) algo de imensa variedade e beleza impressionantes. Em se tratando de Ilustração, não há limites a não ser o talento, os conhecimentos e a criatividade do artista.
Como você pode ver, todos os materiais são especiais e mostram isso quando usados por quem realmente tem talento e sensibilidade para usá-los: o simples lápis, ou melhor o grafite, em tons de cinza, pode ser usado para técnicas tão realistas que são difíceis de se perceber que não são fotos. Um artista deve também sempre respeitar muito os papéis, especiais ou não, pois todos têm seu lugar na criação. Assim caberá sempre ao artista escolher o que combina com sua forma de se expressar, pois cada material tem seus pontos fortes e pontos mais fracos conforme a finalidade e a técnica desejada. No oriente antigo, papéis eram materiais escassos pois haviam poucas árvores em certos lugares montanhosos e por isso o papel era considerado precioso a ponto de nunca desperdiçar qualquer folha mesmo que tenha sido parcialmente estragada por um erro de grafia de um escriba-sacerdote, por exemplo. Folhas defeituosas ou estragadas eram guardadas com respeito, para serem usadas em outras finalidades como para o aprendizado de crianças nas escolas. Aqui no ocidente, temos o vergonhoso e desrespeitoso hábito de jogar no cesto folhas de papel novinhas, recém tiradas do pacote por qualquer motivo sem sentido, seja por crianças nas escolas ou adultos em escritórios, o que mostra nosso atraso em relação à questão do respeito que se deve ter pelos materiais que custaram tantos processos para chegar com qualidade em nossas mãos, sem contar a questão ecológica do desperdício e derrubada desenfreada de árvores. Pense nisso, quando tiver uma folha de papel em branco nas mãos e procure guardar os retalhos que servirão ainda durante seu trabalho como ilustrador, para testes e máscaras. Tudo isso também representa a verdadeira formação do artista.
O que diferencia a Ilustração do desenho não é somente por estar ilustrando algo, mas porque ao fazer isso, frequentemente será uma arte comercializada para esse fim, o que influencia muito na sua criação e na escolha dos materiais. Arte comercial, portanto, é algo mais profissional do que o simples desenho, pois precisa atender a finalidade a que se destina, respeitar prazos e escolher técnicas adequadas ao uso final porque uma ilustração sempre será impressa ou irá ao ar, por exemplo num site. Isso quer dizer que a escolha do material não pode ser mais somente conforme a preferência do artista, pois se seu trabalho for baseado em tinta à óleo, será difícil atender a um prazo de poucos dias. Antigamente, digamos há uns 70 anos atras, o ilustrador tinha muito mais tempo para trabalhar sua arte final, inclusive contratando modelos para posar quando envolvia figura humana, procurar objetos de cena, estudar a composição e iluminação fazendo muitos esboços antes de partir para a pintura final. Hoje com o imediatismo, principalmente na Ilustração publicitária, a velocidade das mudanças, a obsessão pelo novo, o caráter descartável de tantas artes comerciais e publicações banais e a pressão comercial, tudo é para ontem! Cabe a cada ilustrador decidir o quanto quer participar disso dessa forma, definindo gradualmente seu nicho ou segmento de trabalho e sua forma de trabalhar, aprendendo desde cedo a ser muito responsável na relação artista-cliente, com métodos de trabalho claros, confiáveis e éticos, inclusive sendo muito organizado e racional na hora de lidar com os materiais, prazos e pedidos de cada cliente se quiser ser respeitado e crescer na profissão, mesmo num mundo turbulento e imediatista como o de hoje.
Estilos e áreas da Ilustração - O ilustrador pode ter uma técnica hiper-realista para retratar o mundo, para retratos, com grande conhecimento de anatomia humana e animal, arquitetura urbana e paisagismo, ou pode ter grande desenvolvimento de arte de precisão técnica para trabalhos de alta complexidade técnica para ilustrar veículos, máquinas e aparelhos de todo tipo, veículos, mobiliário e vistas explodidas de peças atuais ou concepções artísticas de todo tipo para empresas de tecnologia e indústria mecânica de como alguma nova idéia poderia ser, num exercício de futurismo, e só disso já se pode ver a bagagem que um artista assim precisa ter e que outras áreas artísticas nunca tem que se preocupar ou às vezes sequer sonham que a ilustração pode realizar tanto. Com isso vemos também que esta forma de arte não é só abstrata ou de fantasia, ela é também de alta complexidade e precisão técnica, seja usando métodos manuais, um aerógrafo para realismo completo como no chamado Retoque Americano de antigamente, ou mesmo em técnicas igualmente incríveis no computador. Depois temos ainda o Ilustrador de personagens e o do mundo das Histórias em Quadrinhos (HQs) ou os modernos Graphic Novels, mas aqui trata-se de mais do que ilustração estática pois é agora
Arte Sequencial, que pode ou não ter texto, sendo uma linguagem em si, já que não está ilustrando algo com uma imagem parada e sim comunicando com imagens sequenciais no papel como num filme com as mesmas regras de enquadramento e narrativa, semelhante ao
Desenho Animado em filme ou vídeo. Temos também a
Ilustração Científica que retrata a natureza, plantas e animais para livros de botânica e meio ambiente para livros com trabalhos de grande beleza que precisam ter total rigor na exatidão além da beleza e apuro na técnica usada. Uma variação dessa forma de Ilustração é a
Ilustração Naturalista que eu mesmo desenvolvo e sobre a qual escrevi em máteria publicada na revista Com Ciência Ambiental (se você quiser ler essa matéria e ver as artes, clique
aqui e você irá para o site do iD Studio). Completando, temos as Vinhetas decorativas e finalmente a Arte Abstrata, estilizada, feita de manchas e formas que não precisam mais retratar a realidade concreta, mas sim a pura poesia visual, indo onde a fotografia não pode ir. Hoje, com o computador, a arte Vetorizada ganhou enorme impulso e significado abrangendo uma gama de formas e cores belíssimas que podem ser realistas ou estilizadas, com cores chapadas e vivas ou em delicados meios-tons e transparências. O universo das Artes Gráficas é realmente muito vasto para se conhecer e explorar.
Ser um Profissional de uma área assim significa então uma soma de fatores: saber desenhar à mão livre, ter um bom domínio sobre equilíbrio, distribuição, perspectivas e proporções (um problema para quem vem de pinturas em tela e está mais acostumado a 'riscar' ao invés de aprender a desenhar), luz e sombra e um senso de estética e acabamento apurados, conhecer muitas técnicas, compreender bem os sistemas de impressão que existem, saber trabalhar igualmente bem com cores e em preto e branco, conhecer muito bem o computador e o mundo digital para ilustração, saber trabalhar com textos e conhecer muito bem alfabetos de fontes e as regras do seu uso estético, ter e manter um Portfólio bem montado com seus trabalhos como amostra, complementado por um site bem feito e por fim saber administrar seus contatos com seus clientes de forma ética e competente (é preciso ter um método claro de trabalho que vá desde o recebimento das instruções e compreensão do que o cliente quer ou precisa, passando pela elaboração de um lay-out onde sua idéia é demonstrada, definição de prazos e valores e só depois da aprovação destes é que se parte para a tão esperada Arte Final - qualquer confusão nestas etapas é sinônimo de muita dor de cabeça e possíveis prejuizos para ambos os lados...), e com seriedade, além da parte administrativa do seu estúdio e os cuidados normais com direitos autorais! Ufa! Ah sim, e depois achar um tempinho para estudar, formar sua cultura de Ilustrador, cercado das referências que lhe são mais importantes e finalmente exercitar sua criatividade, acompanhando até certo ponto o que acontece nesse mundo das artes gráficas e desenvolver um trabalho pessoal marcante! Só isso... por causa dessa sobrecarga de talentos que a área exige, muitos artistas restringem seu trabalho a certos nichos, mas nem todos temos essa chance e temos de estar preparados, o melhor possível dentro das limitações de cada um, a atender quase tudo para sobrevivermos da nossa arte, medindo mais pela régua da ética do que devemos ou não aceitar fazer e menos pela limitação técnica de seus conhecimentos e habilidades.Há ainda mais um fator fundamental que diferencia o Ilustrador do Pintor ou do Artista Plástico. Vimos que a Ilustração é Arte Comercial e que este tipo de arte é caracterizada por ter sido concebida para acompanhar um texto ou um produto, ilustrando-o portanto. A terceira diferença é justamente porque o Ilustrador cria para para uma mídia impressa (revistas, jornais, livros, embalagens, folhetos etc.), ele precisa ter o conhecimento necessário de Artes Gráficas para que sua criação seja adequada à finalidade. Veja um exemplo: de nada adianta criar uma arte belíssima, se ela estiver numa técnica imprópria, fora das medidas necessárias ou conter cores de repodução difícil ou não previstas. Como se vê, a formação do ilustrador precisa ser ampla, abrangendo tudo que puder sobre tipos de letra (para poder orientar seu uso adequado pois não saber combinar letras com a arte é um erro básico e fatal que estragará o produto final e certamente o situará na vala comum dos trabalhos amadoristicos), além de técnicas de gráfica, filmes, fotografia (esta é outra área de grande importância para o ilustrador saber bem!), sistemas de cores analógicas e digitais, e tudo enfim para garantir o sucesso do produto final. Assim, ser ilustrador vai além da sua habilidade de desenhar e pintar, pois você estará sempre criando para uma finalidade e deverá saber acompanhar e controlar o resultado final. Geralmente os Pintores e Artistas plásticos não precisam se preocupar com estas coisas pois suas criações serão destinadas a galerias, exposições e residências onde a pintura original será mantida. Na Ilustração, seu original pode ficar com você ou com seu cliente conforme o que foi acertado, mas será sempre uma reprodução dele que será impresso e aí a fidelidade das cores e da reprodução em si são coisa séria. Por exemplo, o sistema de reprodução gráfica usa cores em CMYK (que é um "espaço de cor" que utiliza o Cyan (azul), Magenta, Amarelo e o Preto (K) para reproduzir com fidelidade sua arte) enquanto que um monitor de computador é como uma tv e usa o modelo RGB (Red,Green & Blue que serve perfeitamente para mostrar na tela ou numa impressão caseira mas não serve para avaliar como ficará a impressão e nem será usada pela gráfica) ou ainda em cores indexadas (limitado a 256 cores ao invés dos 16.7 milhões de cores que podem ser mostrados comumente no computador) e sem essa noção sua arte pode ficar completamente estragada! Se for trabalhar tradicionalmente (tela ou papel), seu cliente ou gráfica cuidarão disso, mas se estiver fazendo algo no computador precisa saber preparar a arte para saída, como se diz, às vezes fazer você mesmo a conversão de RGB para CMYK no computador e inclusive saber o básico sobre resolução (dpi - densidade de pontos por polegada para impressão) sem o que o trabalho não será aceito ou será impresso estragado. É preciso então saber conceber a arte para a finalidade, combinar isso com o cliente de antemão como querem a arte, preparando-a e acompanhando o resultado até o fim, se possível! Aquela coisa de só ficar desenhando de forma "sonhadora" e depois entregar para a pessoa que pediu para que ela se vire para imprimir, não é a forma de trabalhar do Ilustrador profissional. Se depois disso tudo você ainda quiser ser Ilustrador (tem gosto pra tudo!) Veja os requisitos principais:
Falamos em referências, então aqui vale explicar um pouco: quer esteja ilustrando o mundo real e concreto ou o abstrato e visionário, o ilustrador sempre busca consciente ou inconscientemente todas as coisas que já viu na vida mas mesmo com muita vivência precisará contar com seu acervo de referências no seu estúdio ou em pesquisas na hora de começar a criar. As referências de um artista podem ser vastas e nem sempre são apenas do que gosta e combina consigo mas de coisas que precisa para um determinado cliente. Por exemplo, você pode não gostar muito de certos períodos da História, como a Idade Média por exemplo, mas diversos projetos de ilustração podem exigir que você conheça bem o vestuário ou determinados objetos dessa época. Assim, as referências de um artista podem ser divididas em várias categorias: tudo o que achou de valor e fascinante em revistas e publicações e que recortou para guardar ao longo dos anos, livros e obras de outros artistas que admira, referências específicas de seus clientes, bancos de imagens genéricas, objetos reais de todos os tipos e, finalmente, seu próprio banco de
fotografias e seu póprio
Livro de Recortes com seus desenhos, seus esboços e rabiscos que foi fazendo ao longo da vida, em diferentes lugares onde viveu e que guardou. Aliás, ter esse livro, pasta ou caderno de recortes com seus próprios desenhos é da maior importância e algo muito prazeroso de se fazer, pois irá criando um acervo de esboços, experimentos visuais e embriões de idéias que você poderá desenvolver um dia além de ser um testemunho visual da sua vida como artista. Isso tem um nome mundial e se chama:
Sketchbook. Vai de cada um colecionar o que lhe agrada mas sempre é preciso ter as melhores referências possíveis em àreas-chave do seu tipo de trabalho, porque não se sabe quando serão úteis, por exemplo para conseguir desenhar aquela peça esquisita às 2 da manhã sem nehuma ajuda! É claro que hoje em dia com o computador e a Internet, todo o modo de vida do ilustrador mudou, mas para uma formação mais refinada e completa, nunca dependa somente do que encontrar online! Por fim, vale lembrar que ter uma referência não significa copiá-la! Imagens sempre tem donos e não se pode copiar ou usar as coisas dos outros, sem permissão ou sem citar a fonte, a não ser que sejam coisas bem simples para um uso limitado ou sem fins lucrativos ou de domínio público, o que além de ser uma forma grosseira de trabalhar, é antiético e uma infração de direitos autorais com direito a processo. Portanto uma referência é só isso, algo para se basear, se inspirar, conhecer, estudar ou aprender, mas sempre recriado do seu modo sem se aproveitar das coisas dos outros intencionalmente. Na esteira do que mencionei acima sobre se ter um portfolio e um site bem feitos e completos, está a
divulgação do trabalho como um todo que hoje em dia se estende para o uso ou não de blogs pessoais, participação em sites de artes (como o nosso
História & Arte / Natureza e o Deviantart no exterior), comunidades afins, clubes e associações, além da visibilidade no mercado através dos próprios trabalhos que faz que podem ser reconhecidos pelo grande público ou ser de conhecimento somente de quem é do meio.
E aqui temos mais algumas diferenças para se apreciar: um Ilustrador, diferentemente do Artista Plástico ou Pintor, não precisa sempre expor seus trabalhos participando de exposições ou em galerias de arte como uma obrigação na sua carreira, pois sua arte é eminentemente para ser impressa, seja em revistas, livros e jornais, ou mesmo veiculada online enquanto os outros artistas comercializam suas pinturas originais, os quadros em si. Suas exposições portanto, quando acontecem, podem parecer uma exposição de pinturas, mas frequentemente terão outro cunho, conforme seu trabalho. O ilustrador também não vive o mesmo ambiente do pintor, do artista plástico - o Ilustrador trabalha em seu estúdio, enquanto o Artista Plástico desenvolve seu trabalho num atelier - embora diversos aspectos possam ser parecidos conforme o tipo de Ilustrador - o Ilustrador geralmente vai trabalhar em seu próprio estúdio e será independente, pois no Brasil, não é comum existirem estúdios ou empresas que contratem artistas só para ocupar essa função - sendo a mais próxima, mas também raramente a mesma - a função de Diretor de Arte.O Ilustrador - Da ilustração passamos ao Ilustrador. O Ilustrador é essencialmente um profissional, ou então será apenas um desenhista, sem compromisso com sua criação artística que será para ele só um passatempo ou uma distração temporária que não se desenvolverá muito além da infância do desenho. O fato da ilustração ser, em tese, arte comercial, não significa que o artista seja necessariamente um mercenário, vendendo suas criações para quem pagar mais e só. Como em toda profissão, há o elemento humano, e o tipo de ser humano definirá o tipo de profissional. Profissional também não significa que é sempre melhor do que o artista amador. Significa apenas que a arte é seu sustento e é levada à sério. Pode-se ter um artista profissional com um trabalho sério mas limitado a um nicho artístico, por exemplo: só desenhar personagens, e outro que é amador, pois não vive disso e não possui compromissos para atender, mas possui uma técnica sofisticada para vários tipos de arte. Mas este último não será um Ilustrador pois não está ilustrando nada que será publicado ou veiculado de outro modo, mas será sempre um artista de grande talento.
O lado legal da coisa também precisa de muita atenção (se o artista não leva jeito pra isso precisa ter alguem competente que cuide dessa parte) desde como sua empresa ou trabalho autônomo são constituidos (faixa de impostos, custos, registros, etc) até a negociação do trabalho em si. Seja sempre claro, ético e objetivo, informação nunca é demais: verifique se entendeu exatamente o que o cliente deseja e se eles te entenderam também! Não se espante em ter que "educar" seu cliente, pois como disse no inicio desse artigo, poucos entendem o que é ilustração e como conduzir o trabalho, quais são as etapas do processo etc. e nós artistas temos a obrigação de ensinar que HÁ regras se queremos que nossos clientes sigam tais regras! Ao saber que você conhece as regras e as exige em contraparte já nascerá um novo respeito por você e você poderá avaliar as intenções do cliente e se ele sequer vale a pena ser atendido, independentemente de suas necessidades de sobrevivência, pois muitas dores de cabeça podem ser evitadas assim: sendo profisssional na fase de atendimento também! Estipule o número de alterações -se houver- incluidas no preço e o que acontece se o trabalho for cancelado quando já estiver na reta final da entrega da arte-final! Hoje em dia tudo isso pode ser feito por e-mail (complementando o contato pessoal ou por telefone) que possui valor legal e PRECISA ser feito com diligência profissional antes de começar a fase da criação! Quanto à forma de trabalhar, o ilustrador poderá começar como free-lancer (pegando trabalhos avulsos sem vínculo empregatício com clientes que permitem isso) em casa e depois ir montando sua própria estrutura de empresa prestadora de serviços de arte na direção que escolheu (que pode ser também à partir de sua residência se quiser) pois outros clientes maiores exigirão CNPJ, um endereço comercial, nota fiscal e assinatura de contratos para sequer considerarem você como opção. Assim, os trabalhos podem ser encomendados de forma avulsa ou firmados em contrato onde se deve prestar atenção à questão dos Direitos Autorais se não quiser ser lesado. Editoras e empresas costumam usar o fato de serem o lado presumivelmente "mais forte" da negociação para impor a cessão completa de direitos autorais sobre a obra para qualquer fim com direitos mínimos ao artista. O justo é ceder a obra para um uso específico (para o qual se destina originalmente) e por um tempo determinado e estipular valores ou porcentagens caso a obra seja reproduzida em outro lugar ou para outra finalidade ou reutilizada, não permitindo que terceiros alterem sua obra sem consultar você, o autor original de direito. Conforme sua posição de independência ou não em relação a isso vc deve negociar o que é justo e não só deixar fazerem o que quiserem com sua arte, pois isso também enfraquece o mercado para os outros que são mais profissionais. No Brasil esta é uma questão tensa e sem uma cultura clara, por isso mesmo, diversas entidades de classe já lutaram para estabelecerem regras e conseguiram avançar nossa posição nesse ponto com contratos e procedimentos claros e combinados antes de entregar a arte final! Nunca é demais ser prudente e ter bom senso do que é justo e exigir o mesmo do seu cliente. Ser avoado nessa hora é garantia de muita lamentação posterior. Neste ponto também o Ilustrador se diferencia do Pintor, pois ele vive da sua arte enquanto que o segundo geralmente o faz como segunda atividade ou hobby, pois são relativamente poucos os pintores e artistas plásticos que realmente vivem somente da sua arte num país como o Brasil.
Talvez por serem percebidos assim, como pessoas que em geral pintam como passatempo, que o público brasileiro não foi criando ao longo das décadas ou séculos a atitude de se interessar e respeitar mais a pintura nacional contemporânea e suas ramificações, pois os artistas dessas áreas falharam em se mostrar como criadores de algo essencial ou especial, sendo em troca percebidos como descartáveis ou como criadores de coisas sem muita serventia para os outros pois estariam apenas extravasando sua necessidade pessoal de pintar, e sem o suor do rosto de um dia de trabalho legítimo, na visão do grande público, o que prejudica muito as exposições que não não irradiam uma aura de empolgação natural e dependem muito do marketing em torno para se justificar e atrair as pessoas, que percebem intuitivamente não ser algo necessário, em eventos que logo caem no esquecimento. Aí, se você acrescentar uma má organização e um arranjo pobres da exposição em si, como acontece mais em cidades pequenas, com uma divulgação idem, teremos o que acontece com frequência no Brasil que é o desinteresse pois a informação sobre o conteúdo artistico é quase sempre bem fraca e o interesse próximo de nulo. Lembremos que nos referimos ao grande público e as crianças e não aos que já conhecem e são apaixonados pelas artes de qualidade pois estes são franca minoria. De que adianta expor assim? Só para cumprir uma agenda de que há cultura? Para divulgar o que exatamente, se o trabalho em si não é maravilhoso? Só para que os artistas possam se agarrar à chance de mostrar o que estão fazendo num espaço "público" mas sem público? Isso só tem sentido se, de um lado o trabalho do artista é fascinante e inteligente e não uma mera repetição apática de tudo o que todos já fizeram e, do outro lado, se o público é informado, sabe o que a pintura, as artes plasticas e a ilustração são e tem para oferecer e está interessado no trabalho dos artistas da sua cidade, isto é, se sequer sabe quem são e que tipo de trabalho marcante e pessoal desenvolvem pois quer sentir e se beneficiar do que tais artes transmitem! No último elemento dessa conta de matemática social está quem oferece o espaço para exposição ou evento, que também precisa ser pessoa, grupo ou poder ético que respeite as artes e quer fazer realmente sua parte porque dispõe dos meios e não apenas a use para promoção própria quando convém, sem essa equação o resultado só pode ser nulo, semeando mais apatia para as próximas gerações. .... Mas, completando a idéia anterior, o artista plástico, por exemplo de grandes cidades, geralmente necessita ter seu trabalho avaliado pela crítica especializada de quando em quando e ter seu trabalho exposto nesta ou naquela galeria para ser reconhecido e lembrado, é seumarketing pessoal O universo do ilustrador é outro: é o mundo das artes gráficas publicadas ou impressas, embora ambos, é claro, se beneficiem de elogios e prêmios! Se teve paciência (e gosto!) e chegou até aqui na leitura, veja mais sobre o que é preciso:
Áreas e formas de atuação - Um artista deve ter uma formação em escola de arte mas isso no Brasil nem sempre é possível e a qualidade e abrangência deixa muito a desejar em diversos lugares, assim, na prática, mais valerá a formação que você se der, estudando de forma independente tudo que tem a ver com esse universo, hoje em dia isso facilitou muito com a Internet e poder comprar livros no exterior, fazer contatos bacanas, etc. O ilustrador trabalha principalmente para editoras, agências de publicidade e empresas, conforme o que tem para oferecer como artista e até como autor, pois pode ilustrar os textos que ele ou ela mesmo escreveu, em um fascinante trabalho conjugado que dá ainda mais liberdade na criação de idéias bem concebidas. Para editoras, estaria ilustrando livros e revistas de todos os tipos. Este é o Ilustrador Editorial que pode se especializar em arte infantil, infanto-juvenil, adulta, de moda, pode ser um capista (especializado em criar capas), livros didáticos (livros escolares), Ilustração científica, técnica, astronômica, automotiva, geográfica, de natureza e de ficção científica. Pode ser um Ilustrador Publicitário, ilustrando produtos de consumo, embalagens, jogos e brinquedos tradicionais, personagens para alimentos, cartazes, outdoors, logomarcas, folders etc. agora como Designer Gráfico embora não se deva confundir as áreas, pois um ilustrador nem sempre é um designer gráfico e vice-versa. Nas mídias impressas como jornais e álbuns especiais, pode também ser um artista de quadrinhos, um cartunista ou chargista, onde vale muito o traço e a idéia. Além disso há áreas como a institucional e corporativa que também utilizam os serviços do ilustrador se este possui um trabalho desenvolvido ou que sirva para isso. Uma outra área especializada é a criação de símbolos, pictogramas, ícones, sinalização e clip-arts à cores ou à traço para catálogos de artes prontas e para uso online, na Internet e interfaces gráficas para software, isso pode ser feito por um ilustrador ou por um designer gráfico que é o que cria também tipos de letras. Aliás a Tipologia é uma da áreas que requer grande apuro estético e conhecimento de famílias de alfabetos para a criação de fontes originais sejam elas só para atender a um uso específico de um projeto por exemplo, ou as de âmbito internacional para fazer parte dos tipos de letra que existem no mundo. Fontes, ou alfabetos, eram criados à mão e hoje já podem ser feitos em computador, ou as duas coisas. Estas áreas são conhecidas coletivamente como Comunicação Visual e fazem parte de uma especialização das artes visuais do ilustrador ou específicas do designer gráfico. Mesmo hoje, todo artista deve criar, rabiscar, rascunhar e saber fazer seus estudos à mão para só usar o computador depois para desenvolvimento, mais estudos e finalização caso não for finalizar também à mão.
Hoje em dia tudo isso se combina e foi recriado com o universo das artes digitais: a Computação Gráfica onde se estendem para a criação de cenários de jogos para computador e videogames, personagens animados, criações 3D, editoração eletrônica e tantas aplicações incríveis. Não se pode esquecer aqui o Animador que nem sempre é um ilustrador mas que trabalha com muitos dos mesmos elementos e habilidades na criação de desenhos animados e na computação gráfica e os ilustradores que criam tudo para as grandes produções cinematográficas, desde cenários como todo o estilo e ambientação dos personagens da trama, dos story-boards que mostram toda a sequência de tomadas de câmera antes da filmagem em si começar. Falamos em computação gráfica, então vamos tratar desta parte: Usando Computadores! Naturalmente, a ilustração, como vimos, existe há muito tempo, então conforme a idade e a vivência de cada artista ele ou ela terá um relacionamento diferente com coisas que vieram transformar esta área das artes. Os computadores vieram mesmo revolucionar tudo não como um modismo tecnológico impactante mas antes de tudo, para proporcionar um novíssimo conjunto de ferramentas e formas de visualização antes impossíveis, mostrando o caminho da evolução da expressão artistica. Ou seja, algo se torna arte porque foi difícil de fazer ou por causa do seu conteúdo, seu significado? O apego ao passado quando tudo era mais penoso de ser realizado não deve ser uma referência para o que vem a ser arte, assim como a pressa em se realizar o novo e descartável não deve ser considerado necessáriamente um sinal de progresso. Para tudo deve-se ter bom senso! Então, para qualquer artista, conhecer bem e saber usar o computador e os diversos programas que existem é outra parte fundamental hoje em dia. O medo da tecnologia ou a teimosia de se aprender coisas novas só encolhe as oportunidades de expressão para um artista. Naturalmente, qualquer artista pode ser genial e manter um trabalho consistente e de imenso valor sem o computador. O que quero salientar aqui é que é algo maravilhoso para se acrescentar a uma formação já sólida que em nada prejudica a forma de criar de um artista. Um artista de verdade não cria com o mouse e sim com sua alma, seu coração e seu cérebro. A escolha da ferramenta é secundária: do lápis ao computador, há todo um universo de possibilidades a serem exploradas. É portanto uma pena deixar de fora as novas tecnologias se com elas pode-se criar de forma nova e dar vida a o que antes seria impossível ou extremamente penoso e lento. A formação necessária para isso inclúi duas coisas: conhecer bem ohardware (a máquina) e o software (os programas que rodam no computador). Uma formação incompleta de qualquer um deles significa severas limitações para o artista. Na parte de hardware então, o artista tem que saber escolher seu tipo de máquina e saber tudo que puder sobre seu uso, manutenção e montagem, saber configurar seu computador e acessórios é também essencial e algo grandemente subestimado entre os artistas que ainda não são profissionais. Sem isso, é encrenca e decepções à vista! na parte de software, precisa ter uma visão geral bem clara e a mais profunda possível sobre os tipos de programas que existem, sua classificação e como usar. Muitas técnicas tradicionais foram portadas para os programas de computador: cores, sombras, o aerógrafo e as Mídias Naturais (pintar digitalmente com resultados iguais ao pintar com tintas tradicionais sobre papel ou telas, uma tecnologia que já evoluiu muito e é muito prazerosa de se usar) e trazendo coisas novas como a arte 3D e a arte em movimento. Para as artes digitais, começa-se por compreender que desenho e pintura repesentam duas tecnologias diferentes no computador e que é preciso saber usar direito. Conforme seu tipo de trabalho, o artista encontrará os programas certos e deverá se aperfeiçoar neles, conhecendo bem como tudo isso funciona. Assim temos os artistas "da antiga" que perderam a chance ou não quiseram aprender a usar a máquina, chegando até a temê-la ou detestá-la (sem te-la conhecido ao menos) e do outro, diversas gerações de recém-chegados que se aproveitam das facilidades e criam uma infinidade de coisas descartáveis pelo fácil acesso que tem e frequentemente o pouco respeito, conhecimento ou vivência que tem pelo passado (recente) das artes. No meio temos o profissional que vivenciou ambas as fases e sabe fazer bom uso delas pois é realmente um artista com algo para mostrar, não importando a ferramenta. Ficam aqui duas dicas: evite o modismo de sempre pensar no computador em termos de "truques" (éca!) e só pensar em soluções "fáceis" por preguiça. Saiba que o computador é muito mais do que isso! A segunda dica é: estude, compreenda realmente como funciona e não seja mais um "artista" que só "mexe" com tal programa da moda, etc. Ah, isso me faz lembrar de uma terceira dica: não se limite aos computadores e programas da moda! Fuja de modismos e conheça realmente o que é cada coisa e o vasto mudo de alternativas profissionais. Explore e escolha o que combina com seu jeito de trabalhar, pode-se obter resultados profissionais com qualquer ferramenta, o que importa é como você trabalha!
Como você viu, a área da Ilustração profissional é vasta, fascinante e tem muitas ramificações, todas elas de grande impacto na sociedade. Assim, no momento em que você deixar de apenas rabiscar sem finalidade e começar a levar a sério o desenho como profissão, estará dando os primeiros passos para se tornar um ilustrador. Você pode descobrir um mundo de inspiração e formação vendo o que os ilustradores do Brasil e do mundo fizeram até hoje, quais são suas diferenças conceituais, de estilo, refinamento e qualidade, quem são eles e o que os motiva. Há um vasto mundo artístico lá fora a ser explorado em livros, álbuns, anuários de arte e revistas especializadas, na Internet é claro, e através dos próprios profissionais com quem você tiver a oportunidade de conviver.
Noções de uma verdadeira Ética - Aqui vale vermos mais uma coisa sobre esse universo maravilhoso das artes gráficas, que é raramente falado ou se dá atenção, mas que não é menos importante: Hoje vivemos cada vez mais o fenômeno de termos artes gráficas e ilustrações cada vez mais sofisticadas, de grande qualidade técnica e maior impacto visual ainda -que é sua intenção- de um lado, e do outro a constante publicação de artes banais e simplórias na sua concepção para livros e revistas idem. Ambos tem em comum o fato de muitas vezes carecerem de conteúdo mais elevado ou sentido, quando não são frontalmente nocivos. Falamos acima sobre discernimento. Hoje em dia, valoriza-se muito a criação inteligente, a grande sacada, ou a arte impressionante ou a piada fácil mas pouca atenção se dá ao que se está mostrando, se é algo eminentemente nocivo para nós ou se é algo legítimo e saudável. Entre as muitas coisas geniais e incrívelmente belas que são criadas no mundo, infelizmente ainda há muitos artistas que confundem a euforia da liberdade da criação com uma completa falta de noção e responsabilidade para com as consequências disso pois toda arte comercial tem a função de influenciar pessoas numa ou noutra direção, seja para comprar produtos ou influenciar com idéias e convencer pessoas a fazer alguma coisa. Eis um exemplo disso: há algum tempo atrás moderando um fórum de artistas juntamente com outros "veteranos", onde ilustradores de várias idades e tipos de experiência postavam seus trabalhos para apreciação de todos, um rapaz postou uma arte de uma galinha ou galo, não me lembro, feito como logomarca com estilo apurado e técnica profissional. Para minha tristeza, mas não surpresa, vi mais uma vez as pessoas empolgadas, inclusive o próprio artista, com a "conquista" do cliente e a qualidade do trabalho. Nunca ninguém notou que se tratava de uma imagem da ave para vender sua própria carne de forma festiva, acrescentando como se diz, insulto à matança já pavorosa dos animais nos matadouros.... Outro exemplo é a enxurrada de personagens sem expressão no rosto ou de expressão maluca, insistentemente transmitindo a noção de que loucura ou atitudes loucas são uma qualidade e que é divertido ser assim, aparecendo em todo tipo de embalagens de produtos "para crianças", animações, filmes 3D e como "mascotes" de empresas. Como ficam as crianças que crescem vendo isso em toda parte, sem a outra parte que lhes dê o equilíbrio necessário, promovida da mesma forma ampla? É só olhar em volta e já se vê os resultados dessa imaturidade criativa nas últimas gerações.... Muitos diriam que isso é banal (claro, está em toda parte!), que é só a pessoa "escolher" o que lhe convém pois há liberdade na compra e com o famoso controle remoto da TV (quanta ingenuidade...) ou que é um exagero se preocupar com isso porque é normal e inevitável...ops, aí já não dá pra concordar. Normalidade nesse caso apenas significa como nossa sociedade em geral, está anestesiada de sentir e vive iludida e por que não dizer enferma, pensando só nos interesses imediatos, achando que nunca há consequências. Mas haverá, pois quem acha normal ou certo apenas não estudou o assunto ainda e permanece alienado de si. Nesse tipo de coisa, o artista ainda imaturo, é o mais fácil de atrair pois vive mais pensando na sua técnica e no prestígio de ver sua arte associada às marcas poderosas. Outros ainda, estão presos aos conceitos - ou se escondem atrás deles - repetindo a desgastada ladainha de que não se pode ser moralista ou ter atitudes de censura, mas tudo isso são também fases da nossa imaturidade coletiva e terá de ser suplantada um dia por um discernimento maduro, verdadeiramente inteligente e mais evoluido que não nos cause mais dor e dano social. Antes de nos darmos títulos de "ilustrador" ou qualquer outro temos que lembrar que isso não é carta branca para entrarmos de cabeça no mundo comercial munidos de lápis, pincel ou computador e com uma espécie de "licença para matar", à la 007... e fazer qualquer coisa porque vale tudo, afinal somos "Artistas" e devemos "vender o peixe" do nosso cliente que nos paga e nunca julgar o "produto" que se vale de nossa arte para se promover! Essa mentalidade cômoda de transferência de responsabilidade se limita a apregoar e pensar que profissionalismo é só conhecer métodos de conquistar clientes e dominar técnicas de vanguarda, temperado apenas com uma noção de ética comercial e saber ler o contrato direito! Mas antes de sermos isso ou aquilo, somos consciências, almas, ou o que quiser chamar, tendo uma experiência no mundo material (e isso não é religião) assim, não podemos esquecer jamais que desenhos e artes são energias e influenciam pessoas, nossos irmãos na jornada, seja para comprar e consumir produtos, seguir estilos de vida ou veicular idéias de todo tipo e é fundamental admitir que na maioria das vezes os projetos que existem só servem para reforçar a ilusão humana de consumo, distração tola e bem-estar superficiais, explorando as noções "politicamente corretas" do momento! O mundo já está repleto disso e mais é criado a cada instante por quem? Por nós artistas que dirigimos projetos, criamos e nos envaidecemos por estarmos "antenados" nas "tendências" de ponta! Muitas empresas naturalmente sabem dessa forma fácil de aliciar o artista (o elo mais fraco da corrente) ao seu projeto danoso (mas travestido de benéfico ou libertador, etc) e só oferecem espaço aos que assim conduzem sua profissão (o artista "útil") e assim o círculo vicioso mais uma vez se fecha. Todos podemos até saber disso, mas não damos atenção e tapamos e não queremos ver a profundidade dessa responsabilidade e como estamos sendo usados. Feliz então o artista, músico, fotógrafo ou escritor que não tiver a inversão de valores e a participação em publicações banais no seu currículo ou portfolio, travestido de "carreira".
Pode-se dizer portanto, que há 3 armadilhas comuns para todo artista comercial, se este não tiver uma boa formação moral e ética, além de técnica, pois todo artista é fundamentalmente um tolo, um sonhador, um purista e um idealista que, se não abrir os olhos será sempre fácilmente manipulado e seduzido por (1) ter sua arte publicada, (2) ver seu nome e sua arte associada a esta ou aquela marca glamurosa da moda nacional ou de poder na sociedade local - com os consequentes resultados financeiros e (3) querer mostrar aos outros que domina esta ou aquela técnica sofisticada e ter 'status' entre eles. Em todos estes casos está o tolo e o alienado que ainda não despertou para o simples fato de que a finalidade da sua arte é o que conta. Muitas encomendas de artes vem travestidas de grandes causas ou de apoio a isto ou aquilo, porém um pouco de bom senso mostrará a falsidade de tais propostas que só visam aliciar o artista para apoiar com sua criatividade e talento mais um produto nocivo ou idéia bizarra de flagrante inversão de valores. Alguns exemplos: associar a palavra "amor" e "alegria festiva" - frequentemente empregando crianças e animais - à criação de artes para o consumo de carnes que provém óbviamente de abates e muito sofrimento; ou associar palavras dinâmicas como "+energia!", "+saúde!" "+vida" e "+sabor!" a alimentos que são tudo menos isso, por serem artificiais, químicos e mortos e assim promovem o desequilíbrio orgânico completo a longo prazo, (engordando as filas nos hospitais, clínicas e farmácias -onde há outras oportunidades iguais de sedução de marcas que prometem corrigir tudo isso, mas na verdade só tapam a dor do efeito, nunca sabendo tratar da causa!-) ou ainda, futilidades absurdas da moda conectadas ao termo "fashion" para arregimentar apoio festivo à ilusão do efêmero e banal. A isca de sedução para consumidores e artistas que contribuem para tudo isso é sempre baseada em prazer e poder. Tudo óbvio e básico, alguns dirão, mas continuamos a cair nisso todos os dias. O que falta saber, que é também óbvio e básico, é que há consequencias para nossa sociedade atual e nosso futuro individual e coletivo. A lista é longa...
De tudo isso podemos ver que também deveria caber a quem encomenda tais criações a responsabilidade por isso, mas também é do artista que nem sempre o faz por pura sobrevivência e sim por vaidade e até falta de noção do que está criando, pois foi educado para pensar somente na sofisticação da sua técnica, o status de estar publicando junto a esta ou aquela marca da moda e, é claro, o retorno financeiro. Nós aqui do História & Arte, (um projeto do iD Studio, já com mais de 30 anos de janela nas artes, da Ilustração e da comunicação), criamos e promovemos a idéia da Arte em função da Evolução para que criemos coisas cada vez mais saudáveis e inspiradoras para todos, especialmente para nossas crianças. Assim sendo, se você já ilustra ou pretende seguir esta profissão, fica este nosso conselho valioso que não deve ser interpretado apenas como um ponto de vista mas como exemplo de bom senso e responsabilidade humana: Justamente por ser o caminho mais fácil e tentador, procure sempre evitar de usar seu talento e visão para contribuir com o bizarro, o fútil, o vazio, a distração tola, a inversão de valores, o degradante, violento ou chulo, imagens depressivas, chocantes ou de mau gosto, a obsessão pelo novo ou pelo que está na moda e seja de alguma forma nocivo pois estes são exemplos muito pobres da liberdade que nós, como Humanidade, gostamos de ter e todos nós já perdemos bastante tempo com tais coisas. Qualquer artista tem a capacidade, a oportunidade e os meios de influenciar, de melhorar ou piorar o mundo com suas criações, portanto avalie seu trabalho sempre com honestidade e não desperdice essa chance de ouro que tão poucas pessoas tem de fazer algo realmente bacana para os outros!
Assim sendo, espero que este artigo tenha inspirado você e ampliado mais sua visão para com este fascinante mundo das artes gráficas e você comece a observar mais agora a sua volta a ilustração onde ela aparecer. Aqui mesmo no seu História & Arte você sempre verá muita ilustração que é nossa paixão há mais de 30 anos! Estude, dê a si mesmo uma formação artistica, seja ela musical ou de artes visuais ou de texto, pois todas se combinam e se completam e procure criar com isso coisas de que possa se orgulhar e se sentir verdadeiramente bem consigo mesmo, pois estará com isso influenciando a formação de outros... e isso não é pouca coisa!
Até o próximo artigo!